Contra a barbárie, pela solidariedade de classe: chamamento à luta, ocupar as ruas!

Nós do Fórum Renova Andes, diante da grave crise política e institucional por que passa o país, vimos novamente manifestar nossa preocupação sobre o momento de aguçamento dos problemas brasileiros que requer a unidade dos trabalhadores para seu enfrentamento. Essa crise que se estabeleceu após o golpe ganhou contornos concretos nos últimos dias e evidencia o fracasso do programa de austeridade e entreguismo de Temer. A Petrobras, empresa e instrumento governamental para desenvolvimento socioeconômico, distribuição de renda e financiamento de direitos sociais como a saúde e a educação, foi transformada na gestão do tucano golpista Pedro Parente em um largo canal de escoamento de nossas riquezas para especuladores estrangeiros, e é responsável direta pelas mais de duzentas altas dos combustíveis nos últimos dois anos. Essa política reverteu a de controle de preços (de Lula-Dilma) da Petrobras pra atender acionistas ao invés do povo e o desenvolvimento da nação, bem como reduziu a produção interna para dobrar a importação de derivados de petróleo. Aliado ao fim do regime de partilha – que na prática tira a estatal brasileira do ultra lucrativo pré-sal, entregando-o às multinacionais – essa política, além de destruir a Petrobras, levou à explosão nos preços dos combustíveis e do gás de cozinha que, na prática, estrangulam o poder de compra do trabalhador brasileiro.

Esse contexto levou à greve dos caminhoneiros, um movimento com grandes contradições internas, que mistura greve por reivindicações justas de trabalhadores autônomos com locaute de empresários sedentos por renúncia fiscal e ainda setores manipulados por defensores da intervenção militar. A reação a essa conjuntura provoca também a Federação Única dos Petroleiros a convocar uma greve reivindicando a redução dos preços dos combustíveis e gás de cozinha e a retomada da produção interna.

Do ponto de vista da soberania nacional e dos direitos dos trabalhadores – caminhoneiros – as paralisações são legítimas. Elas colocam o planejamento econômico, o trabalho e a produção no centro do debate, mesmo que com todas as contradições do processo. Ademais, mostram uma importante fratura dentro do bloco formado para o golpe de 2016, pois as políticas de austeridade não conseguem atender a todas as suas frações.  Até mesmo setores que apoiaram a deposição de Dilma Rousseff não estão sendo poupados da sanha vampiresca dos golpistas. Diante da redução de suas margens de lucro, rebelaram-se contra o governo que ajudaram a instituir. A desmoralização dos golpistas é patente e patética, e se ampliou por toda a sociedade brasileira, com repercussões, inclusive para a mídia golpista, a exemplo da Rede Globo, que vê seu império de ilusões e mentiras ser aos poucos desmascarado. Até mesmo dentro da classe média batedora de panelas, o governo vê demolir em praça pública toda a sua falaciosa construção discursiva em torno da eficiência da gestão empresarial da coisa pública, da melhoria dos serviços com a mercantilização de direitos, das vantagens em liberalizar a economia privatizando empresas estratégicas e, a menina dos olhos do golpismo, o lava-jatismo como salvação da Petrobras contra a corrupção dos governos petistas.

A direita, identificada principalmente setores de classe média, num instinto de sobrevivência, corre em busca de alternativas autoritárias ou protofascistas. Imploram uma “intervenção militar”, que obviamente não conseguirá garantir seus interesses materiais, bem como de frações internas das classes empresariais, e da rapinagem financeira do imperialismo que efetivamente se beneficiou com o golpe.

Nesse dramático e preocupante contexto, precisamos agir disputando politicamente as ruas. Um diálogo deve ser aberto inclusive com grevistas que, por falta de entendimento, não estão com a clareza de que seus problemas não são causados por carga tributária usada no financiamento de direitos, mas da entrega da Petrobras e da soberania nacional às potências estrangeiras, produto do golpe. Nosso sindicato deve passar à ação. Em unidade ampla com o movimento sindical e popular, é necessário um contraponto que ajude o povo a encontrar uma saída que lhe favoreça, longe dos apelos autoritários e antidemocráticos que teriam graves consequências para as liberdades, para a vida, para os problemas sociais e a corrupção que se ampliariam, embora escamoteadas, como próprio de regimes de exceção.

O ANDES-SN tem a responsabilidade de ressaltar ainda que não apenas os combustíveis ameaçam a sociedade brasileira, mas as universidades, patrimônio do povo brasileiro, têm sido atacadas e ameaçadas. O ajuste fiscal jogou o país na recessão e, ao derrubar a arrecadação, fez a dívida pública federal dobrar e não dá margens ao governo para reduzir impostos ou subsidiar combustíveis sem cortar ainda mais verbas sociais, como indica o acordo de Temer deste domingo, que deve provocar cortes orçamentários de R$9,5 bi.

Por esses motivos que o Fórum Renova Andes faz um chamamento à solidariedade de classe, contra a barbárie:

1) Apoiar a greve dos Petroleiros que denuncia o desmonte e a privatização da Petrobras, e pela mudança da política de Pedro Parente, com a urgente redução do preço dos combustíveis.

2) Intensificar a organização de base nas universidades com os Comitês pela Democracia, Por Lula Livre, e enfatizar a soberania nacional, com o papel do Estado no controle de setores estratégicos, entre eles a pesquisa científica e o ensino público. Ampla mobilização junto com Técnicos administrativos em Educação e Movimento Estudantil

3) Repudiar a medida, tomada por Temer de “Garantia da Lei e da Ordem” – que convoca, novamente, após a equivocada, autoritária e fracassada intervenção militar no Rio – o Exército às ruas para reprimir os movimentos sociais. Repúdio e esclarecimento sobre os perigos de qualquer tentativa de defender e/ou provocar intervenções autoritárias!

4) Propor assembleias urgentes nas Universidades Federais, Estaduais e Institutos Federais para abrir um amplo debate sobre formas de resistência e possibilidade de construção de uma grande greve universitária Considerar nas seções sindicais a oportunidade de decretar assembléia permanente, o que permite a chamada rápida nesse contexto de crise.

5) Abrir uma campanha de esclarecimento na sociedade sobre os motivos da crise dos combustíveis, das IES e sobre a ofensiva aos direitos, severamente atacados com a PEC dos gastos, a Contra-Reforma Trabalhista, a Contra-Reforma do Ensino Médio e a ameaça da Reforma da Previdência.

Temos novos e velhos desafios! O movimento docente das instituições de ensino superior reserva tarefa histórica, junto com movimentos sociais, de pautar e defender a soberania nacional, a Petrobras, lutar por investimentos na educação, na pesquisa e pela garantia do ensino público gratuito e de qualidade, por direitos sociais e pela Previdência Pública. A greve geral se coloca justamente na construção do amplo apoio à greve dos petroleiros, levantando a necessidade da garantia de eleições democráticas, para o que são obrigatórias a liberdade de Lula e seu direito de se candidatar.

– Todos juntos com os petroleiros!

– Não ao aumento dos preços dos combustíveis!

– Abaixo a GLO (Garantia da Lei e da Ordem) de Temer!

– Fora Parente! Fora Temer!

A SAÍDA SOMENTE PODE SER DEMOCRÁTICA, COM AMPLA MOBILIZAÇÃO POPULAR, GARANTIA DE ELEIÇÕES DEMOCRATICAS, LEGÍTIMAS E COM LULA LIVRE. CONSTRUIR A GREVE GERAL!