A LUTA POR POLÍTICAS PÚBLICAS PARA C&T NO BRASIL

O negacionismo e campanhas de desmoralização da ciência, destruição do sistema de pesquisa e pós-graduação do país, violação sistemática do princípio constitucional da autonomia universitária, aparelhamento ideológico das instituições e estrangulamento orçamentário: isso resume as ações do governo federal nos últimos 3 anos na área de Ciência e Tecnologia. Toda a estrutura construída ao longo de décadas por diversas gerações de cientistas está sendo atacada com tal violência, que não encontramos paralelo em nenhum momento de nossa história.

Paradoxalmente, o grande sindicato nacional que representa os e as docentes responsáveis por pelo menos 90% da pesquisa realizada no país, parece não ter nada a dizer e nada a propor, a não ser protocolares notas de repúdio. Sua diretoria não comparece aos atos conjuntos realizados, nem assina notas conjuntas com as associações científicas, como se tudo isso não lhe dissesse respeito.

Esse abismo entre a comunidade científica e o ANDES, aprofundado especialmente nas duas últimas décadas, não tem qualquer relação com a grande mobilização que deu origem ao movimento docente e a criação do ANDES, ainda nos anos da ditadura, como associação de docentes. As primeiras greves, na década de 1980, são parte inseparável da conquista de uma carreira em regime de 40 horas em dedicação exclusiva, condição sine qua non para a consolidação da pesquisa científica no país.

Diversas são as causas deste afastamento, mas nada justifica a completa inércia por parte da diretoria do ANDES a fim de transpor tal abismo e superá-lo. Nos últimos congressos veem sendo propostas medidas para romper com tal inércia e o fosso entre o movimento sindical e a comunidade científica, porém as últimas direções da entidade teem insistido em manter o afastamento do trabalho cotidiano da esmagadora maioria dos docentes.

A luta sindical e a construção de um sistema sólido de pesquisa no país não podem ser antagônicas. O ANDES precisa construir novas formas de diálogo e de luta política, incorporar as diversas propostas que hoje existem no país, trazer coletivos, movimentos, associações de todos os tipos, de todos os matizes para compor uma diversificada e poderosa rede de proteção à vida das Instituições públicas do ensino superior. A defesa da democracia e da diversidade são essenciais para a realização plena de nosso trabalho, que só se realiza em um ambiente de liberdade acadêmica, de reconhecimento social, com política públicas e investimento do Estado.

É urgente que o movimento docente passe a ser construído lado a lado com o cotidiano concreto dos professores, portanto, não pode abandonar ou terceirizar a luta em defesa da ciência, da tecnologia, nem se isolar das instituições científicas. O sindicato para ser forte precisa ser de todos e todas e representar a cada docente. O cenário devastador que o governo Bolsonaro nos impôs está exigindo de nós novas tarefas e uma verdadeira reconstrução e reinvenção da luta sindical.

Para isso estamos propondo alguns pontos imediatos de ação:

TR

1) O ANDES deve favorecer todas as iniciativas unitárias – ou seja, com entidades científicas e organizações sindicais de outras categorias – no quadro da defesa das ciências e instituições científicas, para além das ações e GTs já existentes no ANDES.

2) O ANDES-SN deve fortalecer a articulação com redes e coletivos em defesa da ciência e da liberdade acadêmica, em especial com o Observatório do Conhecimento.

3) O ANDES-SN deve atuar na construção de um amplo movimento nacional em defesa da ciência e da produção do conhecimento do Brasil, envolvendo todas as entidades representativas das universidades, as sociedades científicas (SBPC, ABC, entre outras), parlamentares e as associações de pós-graduação, pela recomposição do orçamento para a Ciência e Educação.

 

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