8° Conad extraordinário: nenhuma orientação para a luta

Nos dias 30 e 31 de julho se realizou por meio remoto ao 8º CONAD Extraordinário do ANDES-SN.

O evento foi convocado para discutir a prorrogação do mandato da diretoria, em face da pandemia provocada pelo corona vírus, embora a pauta previsse também uma plenária de conjuntura.

Numa situação sem precedentes, e com a diretoria já em plena prorrogação de 90 dias do mandato, uma vez que o mesmo venceu em 28 de junho, o CONAD estava chamado a achar uma saída democrática para a difícil situação na qual o Governo Bolsonaro segue aplicando sua política de destruição dos direitos e conquistas do povo brasileiro e, em particular, aqueles relacionados à educação e aos docentes.

Foi considerando este quadro que docentes ligados ao Renova ANDES-SN resolveram encarar a situação em sua complexidade. Para o Renova, a prorrogação de 90 dias do mandato da atual direção justificável, contudo, diante da situação, as bases políticas sobre as quais a diretoria foi eleita, há mais de dois anos, não correspondem mais às tarefas políticas que a combinação do Governo Bolsonaro e pandemia exigem do sindicato. Mesmo o conjunto de resoluções do último Congresso, realizado na USP estão em grande parte obsoletas. Não se tratava de fazer balanço da atual diretoria no CONAD, mas de pensar coletivamente como atualizar a linha política e, no prazo mais breve, eleger uma nova direção fundada nesta atualização.

O 8º CONAD Extraordinário, infelizmente, preferiu não enfrentar esta tarefa. Ao contrário, os setores alinhados em torno da diretoria preferiam manter o tradicional festival de brutalidade e desqualificação do contraditório, evitando o caminho de uma discussão fraterna e aberta, o que começou pela proibição pelo Regimento Interno da fusão ou síntese de propostas emanadas das contribuições vindas do Caderno de Textos, congelando o debate num sim ou não à proposta da Diretoria. A livre reflexão foi substituída por um tiroteio contra os que apresentaram alternativas diversas daquela.

O Renova propôs refletir sobre a possibilidade de realizar as eleições em modo remoto ou de uma instância sindical nomear uma comissão gestora amplamente representativa das forças vivas do sindicato para, em unidade, conduzir o sindicato até as próximas eleições. Não foi possível uma verdadeira discussão uma vez que os apoiadores da diretoria estigmatizaram as propostas colocadas ao debate como uma “tentativa de golpe contra do sindicato”. A refutação da possibilidade da eleição remota foi particularmente irracional, uma vez que toda a preparação do CONAD e o próprio CONAD foram legitimamente realizados em modo remoto, sem que houvesse questionamento sobre sua validade. A identificação da proposta com o ensino remoto, também arguida, carecia também de fundamento, uma vez que o primeiro pode ser uma imposição que tenhamos de enfrentar com nossas reivindicações, enquanto a possibilidade levantada para as eleições consistiria num processo sob completo controle do sindicato. A acusação de golpismo em relação à proposta da indicação de uma comissão gestora, então, consistia apenas em retórica de disputa eleitoral.

A decisão tomada ao final revela a inconsistência dos argumentos, revelando apenas a ansiedade de manter o controle do aparelho sindical. Foi aprovada a prorrogação (já em curso) do mandato por 90 dias, extensíveis a mais 90, ou seja, na prática, até o Congresso de 2021. Mas, atenção, um segundo item da resolução delega à Comissão Eleitoral a tarefas de refazer o calendário eleitoral com o fim de realizar as eleições logo que seja sanitariamente possível. Como ninguém em sã consciência é capaz de estipular quando esta eleição será possível o mandato da diretoria está prorrogado sine die.
O exercício de discussão livre foi substituído, como sempre, pela guerra de palavras, ofensas, grosserias e acusações, sempre em nome do “classismo”. O debate com o contraditório foi relevado em favor da disputa eleitoral. A busca de uma saída que sintetizasse o debate foi preterida em nome do esmagamento do “inimigo”.

Os ataques do Governo Bolsonaro e a incrível defensiva imposta pela pandemia nada ensinaram aos setores que se articulam em torno da diretoria. Por isso mesmo, a Carta emanada do CONAD nada indica acerca do encaminhamento das lutas do momento, apenas reafirmando a autossatisfação da diretoria com suas próprias posições, com a já tradicional bolha do ANDES, alheia às demandas e aflições comezinhas da comunidade universitária e da categoria, como se a reafirmação de algumas consignas sagradas fosse suficiente para ajudar a categoria docente a achar o caminho para a resistência e reação.

Exemplo disso é a posição sobre o ensino remoto, restrita à sua condenação em geral, sem indicar as formas de enfrentamento do mesmo numa circunstância em que a probabilidade dele se impor é altíssima. Nenhuma discussão acerca das bandeiras a levantar neste contexto foi feita. O 8ª CONAD terminou sem nenhuma indicação que arme a categoria com suas reivindicações para desnudar efetivamente a tentativa de normalizar e eternizar o ensino remoto, tais como a defesa da carreira, da jornada de trabalho, do ressarcimento do custo do professor neste tipo de trabalho e a inclusão em 100% do alunado.

O Fórum Renova ANDES seguirá, no diálogo permanente com a categoria, buscando os caminhos para passarmos, ao lado das demais organizações sindicais e populares, à ofensiva para por fim ao Governo Bolsonaro, condição para abrir uma saída positiva para a categoria e o povo. É com este espírito que queremos seguir disputando os rumos do Sindicato Nacional, o que exige de nossa parte uma cuidadosa e entusiástica preparação do 9ª CONAD Extraordinário, previsto para setembro próximo.

Coordenação do Fórum Renova ANDES

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